É sim, uma nova vida...depois do dignóstico uma batalha pra uma vida nova!
Mas vamos começar do começo....rs
Me chamo Giuliana Denardi, tenho 32 anos, sou casada há 7 anos e tive a bênção de ser mãe de 2 meninas antes dessa doença fazer parte da minha vida (TEMPORARIAMENTE!!!).
Em 2009, fiz meu preventivo e nele acusou uma alteração: ascus que é a sigla, em inglês que significa a alteração do tecido do colo de útero. Descoberto isso fizemos uma biópsia para saber o que realmente era e fizemos uma cauterização do colo para tentar brecar essa 'inflamação'.
No resultado da biópsia veio: cervicite, teoricamente uma inflamação de fácil tratamento e cura. E assim foi feito.
No final de 2009 engravidei da minha segunda filha, e segui meus exames de pré-natal e ginecológicos normalmente, sem haver nenhuma alteração em nenhum dele, apesar do corrimento persistente me acompanhar, o que na gravidez se torna mais evidente também devido a queda das defesas do nosso corpo.
Em agosto de 2010 minha filhota nasceu. Preventivos normais. Vida normal.
Passados 11 meses do nascimento dela, fiz mais um preventivo e mais uma vez, tudo normal, mas infelizmente eu sabia que não estava tudo normal...o corrimento insistia em vir, sem ter sucesso nos tratamentos e comecei a sangrar nas relações.
Como em agosto faria uma plástica e a laqueadura, eu e meu GO, Dr. Adroaldo Lorenzzoni, decidimos fazer outra cauterização neste momento, já que estaria anestesiada e a cauterização poderia ser mais 'profunda' e, assim foi feito.
Um mês se passou e tudo parecia ter sido resolvido...mas não foi bem assim!
Voltei a ter corrimento e sangrar nas relações, mas como meu preventivo sempre vinha sem alterações, nem cogitamos a possibilidade de um câncer.
Em outubro, depois de mais alguns tratamentos com pomadas vaginais e remédios via oral, sem absolutamente nenhum resultado positivo, decidimos partir pra algo mais drástico que a cauterização de colo, partimos para uma CONIZAÇÃO, que é a amputação do colo do útero, para tirar a inflamação de uma vez e saber o que ela era.
Cirurgia marcada para o dia 6 de dezembro, toda ela feita via vaginal, sem corte algum e com previsão de alta no dia seguinte.
Assim que estava com todos os exames pré-operatórios prontos, consulta com o anestesista, lá fui eu.
Apesar de ser um procedimento teoricamente simples, eu estava com muito medo, assim como em qualquer cirurgia que fiz (morri de medo inclusive nas cesáreas da minhas filhas!!!)
Internei 6 da manhã, como combinado com o anestesista, tomei um remedinho para dormir e fui pra o CC.
Cheguei dormindo, mas logo acordei e fiquei vendo a operação, grogui, mas vi tudo.
E assim que meu GO terminou ele me disse: Não gostei do que eu vi e provavelmente você tenha que retirar o útero,
Na hora, dopada, não dei muita importância, queria mais era sair do CC e ir pro quarto.
Passei o dia no quarto e no final da tarde o meu médico passou pra conversar comigo, me explicar que que tinha feito, o que tinha visto...e voltou a repetir o que tinha falado sobre a retirada do útero, mas me liberou pra ir pra casa, o que me deixou mais animada.
Fora os cuidados no pós-operatório, tinha angústia de saber o resultado do estudo anátomo patológico do meu colo retirado, que demorariam 20 longos dias.
No fundo nem me preocupei demais, pq afinal era épocas de festas, final de ano...procurava não pensar muito nisso, e no fundo não queria acreditar que o resultado poderia não ser tão positivo quanto eu gostaria que ele fosse.
Enfim, dia 27 chegou e o resultado. Assim que coloquei os pés no consultório do GO sabia que o resultado não era bom, conheço muito ele pra saber disso.
Calmamente ele abriu o estudo e leu pra mim.
Diagnótico: carcinoma adenoescamoso, pouco diferenciado, invasivo e infiltrativo.
Pronto, ali naquele minuto meu mundo desabou...sei lá o que eu pensei...acho que na hora pensei nas minhas filhas...
Minutos depois ele já estava falando com o Oncologista, Dr. Alexandre Dall Pizzol, e decidindo ali, naqueles segundos o que aconteceria comigo.
Lembro nitidamento o GO falando um 'palavrão', que depois entendi.
Faria em mim uma histerectomia geral ampliada, com a técnica de Wertheim Meigs. A mais drástica das histerectomia, nela são retirados o restante do colo, o útero, terço superior do canal vaginal, paramétrios, ovários e linfonodos.
No meu caso os ovários foram preservados devido a minha idade.
No dia seguinte já estava consultando o onco e marcando a cirurgia...dia 06 de janeiro.
Depois de dias seguidos lendo, relendo, pesquisando sobre o que eventualmente, poderia acontecer comigo, fiz uma master lista de dúvidas e voltei ao onco.
Tive muito medo da cirurgia, pra variar...rs Tinha medo de morrer, de deixar minhas filhas...
O ano novo passou, sem muitas comemorações pra mim...foi mais introspectivo, pensei, rezei, pedi a Deus, aos Orixás, ao Universo, pedi até mesmo a mim mesma força.
Nessa semana refiz exames pré-operatórios, e dia 6, exatas 6h da manhã, lá estava eu para mais uma internação e mais uma intervenção cirúrgica.
Dei entrada no hospital e logo fui pro CC, na sala de pré-operatório. As enfermeiras já estavam atrasadas com o horário do bendito remedinho para eu dormir e os acessos para soro, remédios, anestesia e possível transfusão de sangue.
Os riscos dessa cirurgia não eram muito 'legais', entre eles, hemorragia, fissura de bexiga, uretér, instestino....inclusive assinei um termo de responsavilidade de risco de vida.
Quando o onco chegou, elas nem haviam me dado o remedinho, logo depois chegou o anestesista e já foram me levando pra sala da operação, comecei a chorar desesperadamente de medo e não queria ir.
Em 1min naquela sala tudo se 'apagou', a última coisa que ouvi foi o anestesista dizendo pras enfermeiras: Meninas 4 de propofol pra ela, bem devagarrrrrrrrrrrrrr....
O 'r' ecoou no meu ouvido e eu apaguei.
Acordei sufocando com o tubo (a anestesia ia ser somente raqui, mas devido ao meu nervosismo, teve que ser geral, e fui entubada), olhava pra cima e só via a mão de um homem sugando minha boca, tentnado me mexer, tentnado respirar, sufocada...sensação HORRÍVEL!
Depois disso acordei na sala de recuperação, bem. Tinha um pouco de dor, mas me sentia bem, mas alguma coisa me dizia que havia acontecido 'algo' na minha cirurgia...muitas enfermeiras de 5 em 5 minutos do meu lado, verificando sinais vitais, enfim...
Na troca de turno ouvi uma enfermeira falando pra outra (em termos técnicos é claro) que eu havia ficado com a PA em 6X4 e BPM menor que 50. Isso que dizer: quase bati as botas!!!
Fiquei na sala de recuperação praticamente o dia todo, saí de lá 4 horas da tarde. Desci pro quarto e lá estava meu papai amado me esperando. Beto (meu marido) tinha saído, mas logo chegou.
Passei 4 dias entediantes no hospital, com MUITA dor. Eita cirurgia dolorida! Faria 50 plásticas, mas essa nunca mais!!!
Segundo o onco, a cirurgia em si foi um sucesso mas um detalher deixou ele preocupado, meus linfonodos pélvicos estavam inchados. Isso ele só falou pro meu pai e pro Beto, e quando eu comentei com ele, ele fiocu bravo com meu pai, pq não era pra ter me contado pq eu pesquisava muito sobre as coisas. rsrsrs
Minha recuperação logo após a cirurgia foi bem bacana, o médico ficou impressionado...disse que durante 15-20 dias muitas mulhers mal saem da cama e se arrastam...eu em 1 semana estava 'passeando' e com uma ótima cicatrização na incisão.
Tic Tac Tic Tac Tic Tac....a espera do estudo anátomo patológico de tudo que foi retirado!!!
Enquanto isso, meus pais, meu marido, minha irmã Lalinha, meu cunhado João se revezam pra cuidar das meninas, afinal terei que ficar 2 meses sem pegá-las no colo, sem fazer esforço algum, sem poder subir e descer muito escada, sem poder abaixar e levantar...tudo deve ser feito com muita cautela, afinal é uma cirurgia super agressiva.
Dia 19, a bomba: linfonodos infiltrados!
Isso quer dizer, houve metastase.
E carinhosamente meu médico me disse: Giuli você terá que fazer uma complementação do tratamento.
Isso na minha cabeça virou um furacão: quimio e radioterapia!!!
No fundo, eu acreditava que não precisaria fazer nada disse, mas me dizia preparada, caso tivesse que fazer!
O que me deu 'esperanças' é que o próprio médico acreditava que somente com a cirurgia tudo estivesse resolvido, ele tb foi pego de surpresa.
Todos os outros órgão estavam com margens livres, isso quer dizer sem comprometimento algum de carcionoma, mas os linfonodos....
Hoje sinto que não estou preparada pra nada disso, mas também não tenho opção a não ser me tratar e lutar pela minha vida!